Projeto, Cultura e Território: equipamentos culturais no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba - Em andamento
Publicado: 30/05/2023 - 08:00
Última modificação: 20/03/2024 - 16:48
Este Projeto de pesquisa tem como objetivo o mapeamento dos equipamentos e espaços ligados à divulgação da cultura das cidades da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. As cidades que integram esta pesquisa são: Araguari, Araxá, Ituiutaba, Patos de Minas, Uberaba e Uberlândia. A pesquisa pretende desenvolver a identificação, o levantamento e a análise dos equipamentos culturais, em específico os centros e espaços culturais, museus, teatros, clubes e espaços voltados para o esporte e lazer, tendo como foco a análise das arquiteturas dos equipamentos, seus programas de atividades e a inserção desses edifícios no tecido urbano para a compreensão das transformações que ocorreram nos territórios. A pesquisa está voltada para os estudos dos projetos de arquitetura desenvolvidos para equipamentos culturais, bem como das intervenções em preexistências, ou seja, de edifícios que originalmente abrigaram outras funções e que foram remodelados para a implantação de programas culturais.
Em um primeiro levantamento realizado, identificamos nas cidades que integram esta pesquisa, equipamentos culturais construídos com arquitetura de linguagem moderna, projetos contemporâneos desenvolvidos especificamente para equipamentos culturais e também remodelações em pré-existências, em edifícios históricos com arquiteturas representantes de diversos estilos e que apresentam resoluções arquitetônicas, plásticas, técnicas construtivas e de implantação que são do interesse desta investigação.
Compreendendo a função que os equipamentos culturais exercem na cidade, de difusão e formação cultural, bem como no campo social e econômico, estes possibilitam grande potencial na qualificação dos espaços em que estão inseridos, conferindo valores de representação, de identidade e pertencimento às localidades. Nas últimas décadas, a cultura vem sendo apropriada pelo planejamento urbano, e equipamentos culturais como museus e teatros são criados como parte integrante de planos e intervenções que ocorrem geralmente em áreas degradadas dos centros urbanos como estratégia de qualificação e revitalização urbana. Apesar de exemplos bem-sucedidos em determinadas intervenções, é possível verificar que em diversos casos resultam no seu oposto, gerando espaços cenográficos e espetaculares, desprovidos de reconhecimento e não acessíveis por parcelas da população, contribuindo e tornando-se elementos-chave nos processos de gentrificação nas cidades.
Nesse mapeamento faz-se necessário, também, identificar os espaços culturais informais, “não oficiais”, geralmente localizados nas periferias das cidades, e que são criados através de movimentos de grupos populares, como estratégia de afirmação social, superar carências e o não acesso aos equipamentos centrais. Trata-se dos equipamentos localizados nos “espaços opacos” das cidades, em oposição aos “espaços luminosos” centrais, onde vive a população desprovida de infraestrutura e de equipamentos de educação, cultura, saúde e de lazer, mas que são espaços de criação, de resistência, e de reinvindicação do direito à cidade.
Assim como vem ocorrendo nas capitais e grandes cidades brasileiras, essas intervenções e processos se verificam nas cidades médias e pequenas da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba aqui estudadas, e merecem uma pesquisa mais aprofundada. Pretendemos compreender como os edifícios da cultura são apropriados pelo planejamento, quais são as estratégias, políticas públicas e demandas institucionais que levaram à criação desses equipamentos, seja pela iniciativa do estado, seja pela iniciativa privada. Com a identificação dos equipamentos culturais, poderemos realizar um mapeamento mais completo e verificar a distribuição e equilíbrio dos equipamentos na cidade, as transformações que ocorrem nos territórios, identificar carências e o acesso aos espaços culturais.
A metodologia proposta para a realização desta pesquisa inclui a identificação, o levantamento e a realização de pesquisa de campo, com visitas técnicas de estudos aos edifícios que serão estudados, para reconhecimento de suas arquiteturas, propostas museográficas, programas, e os contextos em que estão inseridos. Também a localização, identificação e catalogação de material textual e iconográfico (projeto arquitetônico, fotografias, maquetes, etc.), pertencente aos arquivos e secretarias municipais, às bibliotecas, centros de documentação e núcleos de pesquisas das universidades, dos museus, entre outros. Assim, a pesquisa busca estudar o equipamento cultural através de sua operatividade, centrando na análise da arquitetura, quais atividades são oferecidas, e como se dá a sua inserção na cidade, buscando compreender como esses edifícios contribuem para a qualificação da cidade.